terça-feira, 30 de abril de 2013

Produção textual 3

Raiva era o que eu sentia. E a voz dentro de mim não se calava. Justiça era o que eu queria. A revolução borbulhava dentro de mim, corria como lava nas minhas veias, e era calado que eles pretendiam que eu acordasse?
Eu ergueria minha voz nem que fosse para a morte e no meio daqueles que me censuravam eu me sentia puro, por saber que, mesmo que ocultada, minha voz atingiria algum lugar.
Sentia-me deslocado, como uma aberração, ou então jorrando sintomas da ideologia comunista. Calaram minha boca naquele momento, mas não conseguiam me impedir de pensar e, de dentro do meu peito, gritar.
Mesmo que não transparecesse, a humilhação constate tinha o poder de fazer corar o mais valente dos homens e vulnerabilizar o mais duro coração.
Era ditadura, eles diziam, mas para mentes pensantes, um inferno literal. Dia após dia, uma chama de esperança insistia em renascer e a cada dia mais forte. Mas trazia consigo a pior dor, a dor de ficar calado.
Se respirasse fundo, podia sentir o cheiro da corrupção e de um sistema, aparentemente, inquebrável. Os dias aparentavam ser mais longos quando imaculados naquelas pequenas celas de tortura e humilhação, as vozes que clamavam por revolução eram obrigadas a se calarem.

Por: Aline Oliveira Tamasiro.

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