sábado, 18 de maio de 2013

Produção textual 8

Estávamos todos lá. Era a chance de mudar a forma de governo do nosso pais. Éramos mais de 15 mil e meu companheiro de partido Douglas estava muito entusiasmado pela ideia de revolução. Mal sabia que, agindo daquela forma, ele poderia quebrar nosso sistema.
Tenho certeza de que se não fosse pelo companheiro Marcelo, ele não estaria aqui hoje. Nossa manifestação era pacífica, mas esses policiais repressores eram ignorantes e não conseguiriam aguentar nossos argumentos revolucionários.
Mais de 15 mil, homens e mulheres, mas todos ali tinham medo daquela prisão a qual não sabíamos direito o que era, mas sabíamos que lá estavam muitos companheiros. Nomes eram difíceis de saber já que muitos ali já haviam trocado os deles várias vezes.
Eu não entendia Douglas. Parecia que ele estava na manifestação para ser preso e realmente isso iria acontecer se não fosse por um ato rápido e ágil de Marcelo, para que nosso amigo não fosse preso. Marcelo foi um repreensor.

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Nem a rosa, nem o cravo

As frases perdem seu sentido, as palavras perdem sua significação costumeira, como dizer das árvores e das flores, dos teus olhos e do mar, das canoas e do cais, das borboletas nas árvores, quando as crianças são assassinadas friamente pelos nazistas? Como falar da gratuita beleza dos campos e das cidades, quando as bestas soltas no mundo ainda destroem os campos e as cidades?
Já viste um loiro trigal balançando ao vento? É das coisas mais belas do mundo, mas os hitleristas e seus cães danados destruíram os trigais e os povos morrem de fome. Como falar, então, da beleza, dessa beleza simples e pura da farinha e do pão, da água da fonte, do céu azul, do teu rosto na tarde? Não posso falar dessas coisas de todos os dias, dessas alegrias de todos os instantes. Porque elas estão perigando, todas elas, os trigais e o pão, a farinha e a água, o céu, o mar e teu rosto. Contra tudo que é a beleza cotidiana do homem, o nazifascismo se levantou, monstro medieval de torpe visão, de ávido apetite assassino. Outros que falem, se quiserem, das árvores nas tardes agrestes, das rosas em coloridos variados, das flores simples e dos versos mais belos e mais tristes. Outros que falem as grandes palavras de amor para a bem-amada, outros que digam dos crepúsculos e das noites de estrelas. Não tenho palavras, não tenho frases, vejo as árvores, os pássaros e a tarde, vejo teus olhos, vejo o crepúsculo bordando a cidade. Mas sobre todos esses quadros bóiam cadáveres de crianças que os nazis mataram, ao canto dos pássaros se mesclam os gritos dos velhos torturados nos campos de concentração, nos crepúsculos se fundem madrugadas de reféns fuzilados. E, quando a paisagem lembra o campo, o que eu vejo são os trigais destruídos ao passo das bestas hitleristas, os trigais que alimentavam antes as populações livres. Sobre toda a beleza paira a sombra da escravidão. É como u’a nuvem inesperada num céu azul e límpido. Como então encontrar palavras inocentes, doces palavras cariciosas, versos suaves e tristes? Perdi o sentido destas palavras, destas frases, elas me soam como uma traição neste momento.
Mas sei todas as palavras de ódio, do ódio mais profundo e mais mortal. Eles matam crianças e essa é a sua maneira de brincar o mais inocente dos brinquedos. Eles desonram a beleza das mulheres nos leitos imundos e essa é a sua maneira mais romântica de amar. Eles torturam os homens nos campos de concentração e essa é a sua maneira mais simples de construir o mundo. Eles invadiram as pátrias, escravizaram os povos, e esse é o ideal que levam no coração de lama. Como então ficar de olhos fechados para tudo isto e falar, com as palavras de sempre, com as frases de ontem, sobre a paisagem e os pássaros, a tarde e os teus olhos? É impossível porque os monstros estão sobre o mundo soltos e vorazes, a boca escorrendo sangue, os olhos amarelos, na ambição de escravizar. Os monstros pardos, os monstros negros e os monstros verdes.
Mas eu sei todas as palavras de ódio e essas, sim, têm um significado neste momento. Houve um dia em que eu falei do amor e encontrei para ele os mais doces vocábulos, as frases mais trabalhadas. Hoje só 0 ódio pode fazer com que o amor perdure sobre o mundo. Só 0 ódio ao fascismo, mas um ódio mortal, um ódio sem perdão, um ódio que venha do coração e que nos tome todo, que se faça dono de todas as nossas palavras, que nos impeça de ver qualquer espetáculo – desde o crepúsculo aos olhos da amada – sem que junto a ele vejamos o perigo que os cerca.
Jamais as tardes seriam doces e jamais as madrugadas seriam de esperança. Jamais os livros diriam coisas belas, nunca mais seria escrito um verso de amor. Sobre toda a beleza do mundo, sobre a farinha e o pão, sobre a pura água da fonte e sobre o mar, sobre teus olhos também, se debruçaria a desonra que é o nazifascismo, se eles tivessem conseguido dominar o mundo. Não restaria nenhuma parcela de beleza, a mais mínima. Amanhã saberei de novo palavras doces e frases cariciosas. Hoje só sei palavras de ódio, palavras de morte. Não encontrarás um cravo ou uma rosa, uma flor na minha literatura. Mas encontrarás um punhal ou um fuzil, encontrarás uma arma contra os inimigos da beleza, contra aqueles que amam as trevas e a desgraça, a lama e os esgotos, contra esses restos de podridão que sonharam esmagar a poesia, o amor e a liberdade!
Por: Jorge Amado

domingo, 5 de maio de 2013

Produção textual 7

Na ditadura você apenas olhava o que estava acontecendo. Respirar? Não sei... As pessoas estavam vivendo uma época que pode ser chamada de inferno. Falar? Jamais!
Estar andando na rua e do nada ser calado, capturado e preso. Isso era aquele inferno. Ser torturado e ainda não ter liberdade de expressão? Viver assim, apenas observando o que acontece, calado.
De uma hora para outra você está preso em algum lugar com pessoas que você não conhecia, mas sabia o que elas sentiam.
Ser torturado até a morte, ser jogado no meio da rua e ser dado como alguém que morreu atropelado. Preferia morrer do meu próprio veneno, como dizia Chico Buarque.
Ficar calado o tempo e depois ser torturado. A tortura já era ficar calado, já era viver naquela época, e logo depois ser torturado fisicamente. Já não era demais ter que suportar a dor sentimental? Para quem estava ali,   torturando, não.
Se hoje muitas pessoas são frias, não sabem o valor do amor ao próximo, se hoje somos mortos por bandidos sem motivos, imagine o que era viver naquela época. Realmente um inferno!
O pior de tudo é não poder fazer nada e vê-los se divertindo ao torturarem alguém na sua frente ou te torturarem... Não ter banho, talher para comer são coisas que hoje, para nós, são insignificantes, mas para quem estava preso significava tudo. Ter algum companheiro. São coisas pequenas a que eles davam muito valor.

Por: Débora Constantino

Produção textual 6

Eu estava lá, todo o tempo, ao seu lado, mas não pude fazer nada, só lhe acompanhar.
Às 11:05 da manhã, olhei para você, aquele rapaz tapando sua boca como se quisesse que você se calasse, mas não esqueço desse momento ou acontecimento até hoje.
Apenas fico pensando, ninguém mais poderá se expressar durante essa terrível época, a única lembrança que há lembrar de você, é aquela terrível imagem de você é aquela terrível imagem de você sendo calado naquela terrível época ditatorial  toda aquela multidão olhando você sento executado só porque você se expressou diante disso, nunca me esquecerei daquela terrível época.

Por: Nathan Alexandre

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Capitães da Areia em detalhes


  • Foco narrativo - A obra faz uso de um narrador onisciente que, mesmo relatando crimes, os assaltos e toda sorte de delitos realizados pelos Capitães da Areia , não deixa de mostrar o lado doce e carente dessas crianças que se lançaram ao crime como última possibilidade de sobrevivência.
  • Espaço - Cidade de Salvador, capital da Bahia e mais precisamente no velho trapiche que serve de esconderijo, moradia e ponto de encontro dos Capitães da Areia.
  • Tempo -  Cronologia bem marcada, com inúmeras citações de horas, dias da semana, etc.

Jorge, o mais amado do Brasil

Jorge Amado
Características principais de suas obras: 

  • Apresenta-se como o mais fecundo contador de histórias regionais da nossa literatura; 
  • Trabalha com a descrição de tipos marginais, pescadores, marinheiros, visando, através deles analisar toda a sociedade;
  • Usa e abusa de uma linguagem oral que retrata o falar do povo;
  • Apresenta, com frequência, grandes painéis coloridos e de fácil percepção a todo tipo de leitor; 
  • Seus romances são fortemente marcados pelo lirismo e alguns deles por uma postura ideológica explícita;
  • Segundo o próprio autor sua obra divide-se em dois grandes momentos: 
  1. A narrativa de denúncia da exploração dos trabalhadores e suas lutas politicas 
  2. A narrativa colorida de costumes
"Não sei fazer outra coisa... Então, primeiro, eu escrevo porque, bem ou mal, é a única coisa que sei fazer;
Segundo porque é um ofício que, sendo difícil é duro, por vezes dramático mesmo, é um ofício que dá também muita alegria, uma certa satisfação por ter feito alguma coisa... Eu escrevo por não poder deixar de escrever, de escrever romances, de recriar a vida."

Produção textual 5

Não poder fazer nada.
Estava na rua, andando, voltando do meu trabalho. Eu trabalhava no cartório e nesse dia tinha assinado e lido muitos papéis e estava muito cansado. Parecia que eu nunca tinha trabalhado tanto. E essa época era da ditadura, dias difíceis. Em 1955, eu tinha 25 anos. Estava quase chegando em minha casa quando me deparei com uma: um homem calando outro só porque ele fazia um discurso para poucas pessoas. Porém isso para a ditadura era demais. Eu fiquei olhando aquela cena e eu pensei: "Não posso fazer nada. Só assim evitaria acabar dentro de um caixão, como tantos homens que devem ter sido torturados por se negarem a entregar o seu grupo. E se algum deles falar? Ele com certeza iria morrer."
Nesse dia tinha um fotógrafo bem no local, ele tirou uma foto e eu sou o homem que estava olhando diretamente para a cena. Nesse dia eu voltei para casa revoltado por não poder fazer nada. Só podia ver e me calar. Nada mais. Hoje tenho 82 anos e só estou vivo pois não falei nada naquele dia.

Por: Rodrigo Costa

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Produção textual 4

O medo da verdade
Opressão. A primeira coisa que me vem à cabeça: a pessoa é obrigada a ficar calada. Uma só palavra define essa imagem: censura. Onde a pessoa é obrigada a aguentar tudo e ficar calada, ondem você sofre e não pode se defender, um lugar que você se sente diminuído, pois você tem que aguentar o sofrimento, angústia, amargura e também a solidão.
Acredito que a pior coisa é você não poder questionar; eu me ponho no lugar dessa pessoa e sinto amargura, me sinto na vontade de desabafar sabendo que não posso. Também me sinto na obrigação de me defender e de defender os outros, mas simplesmente não posso. Só iria causar dor e mais sofrimento.
Ao mesmo tempo, tenho muita raiva da pessoa que me cala,  mas posso sentir que essa pessoa também quer falar mas não pode.
De uma certa forma, vivenciar essa época deve ter sido a pior coisa que um ser humano pode ter vivenciado, uma forma de derrota, pois você está sendo dominado.
Ditadura. Uma palavra onde se encontra desespero, censura, opressão, sofrimento, ódio, mas tentamos, de alguma forma, encontrar qualquer coisa que nos dê sinal de esperança. Ao acabar esse pesadelo, é como se fosse um desabafo, sabendo que para chegar até ali foi um dos maiores sacrifícios. Agora, você fala o que te faz sofrer, o que te agoniza, pois agora não se encontra mais solidão nem sofrimento, pois não precisa mais tentar jogar algo através de músicas. Agora podemos nos libertar e dizer realmente o que nos irrita e nos faz ter mais medo. Podemos dizer a verdadeira realidade.

Por: Jhenipher Cordeiro