terça-feira, 30 de abril de 2013

Produção textual 3

Raiva era o que eu sentia. E a voz dentro de mim não se calava. Justiça era o que eu queria. A revolução borbulhava dentro de mim, corria como lava nas minhas veias, e era calado que eles pretendiam que eu acordasse?
Eu ergueria minha voz nem que fosse para a morte e no meio daqueles que me censuravam eu me sentia puro, por saber que, mesmo que ocultada, minha voz atingiria algum lugar.
Sentia-me deslocado, como uma aberração, ou então jorrando sintomas da ideologia comunista. Calaram minha boca naquele momento, mas não conseguiam me impedir de pensar e, de dentro do meu peito, gritar.
Mesmo que não transparecesse, a humilhação constate tinha o poder de fazer corar o mais valente dos homens e vulnerabilizar o mais duro coração.
Era ditadura, eles diziam, mas para mentes pensantes, um inferno literal. Dia após dia, uma chama de esperança insistia em renascer e a cada dia mais forte. Mas trazia consigo a pior dor, a dor de ficar calado.
Se respirasse fundo, podia sentir o cheiro da corrupção e de um sistema, aparentemente, inquebrável. Os dias aparentavam ser mais longos quando imaculados naquelas pequenas celas de tortura e humilhação, as vozes que clamavam por revolução eram obrigadas a se calarem.

Por: Aline Oliveira Tamasiro.

sábado, 27 de abril de 2013

Produção textual 2

Pessoas sendo presas por coisas que nem fizeram. Até quando isso? Estou preferindo fingir que não tenho conhecimento nenhum a ter uma atitude contra essa opressão.
Muito tempo já se passou e todos nós continuamos na mesma. Não podemos falar, agir, cantar, fugir... Não podemos fazer nada!
Ainda me lembro daquele dia em que vi meu amigo sendo detido pelos estúpidos policiais da época simplesmente por tentar se expressar. Que cena triste. Que cena vazia. Eu estava com medo de ser preso junto pois já imaginava o que iria acontecer comigo, morreria ao certo, assim como grande parte da população brasileira (a parte mais intelectual) havia morrido. Preferi ser ignorante.
Todos censurados. Tudo nas mãos do governo. Várias pessoas escondidas na escuridão da noite. Chega de torturas, chega desse Brasil! Espero aqui um futuro e um país melhor, com pessoas que têm voz, vez e lugar. Aguardo a tão sonhada e desejada liberdade.

Por: Maria Luiza Vieira  Nunes

Produção textual 1

A determinado tempo, havia a capacidade de haver uma humanidade sem direitos, sem opiniões porém com muitas ideias e muita esperança.
Por que a maldita repressão afetou um dia a nossa sociedade? Como se prolongou essa desumana situação?
Aquele difícil período em que não se sabia ao certo o que fazer. Mas as pessoas nem imaginavam como chegaram àquele triste momento.
Talvez aquelas atitudes de libertação geram a pura tensão da censura até compreenderem que tudo a volta está errado. Até enxergarem o sofrimento de muitas famílias, quando novamente poderem sair livremente na rua, com a certeza de voltarem bem à sua casa.
Finalmente tudo isso acabou, mas o que nunca irá terminar será o sofrimento ainda no coração de muitos.
Por: Emeni Said Shehade

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Imagem para análise.

Hoje, foi feita uma análise da foto abaixo, da época da ditadura e em seguida, a sala produziu textos que serviram para a "moldura" da foto.
As próximas postagens serão as produções textuais..

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Cálice - parte 3

Continuando com a análise da música..

Como é difícil acordar calado
Se na calada da noite eu me dano

  • Obrigação de ficar calado após passar por noites de tortura ou idealismo
  • Como ficar quieto com o que acontece;
  • Como segurar algo que é a realidade
 Quero lançar um grito desumano
Que é uma maneira de ser escutado

  • Se por em risco para ver o que acontece
  • Sair do contexto
 Esse silêncio todo me atordoa

  • Sofrer
  • Tortura
  • Não falar nada
Atordoado eu permaneço atento

  • Estar alerta
  • Não entregar
  • Mesmo fora de si, não poder falar nada
Na arquibancada pra a qualquer momento 
Ver emergir o monstro da lagoa

  • Esperar o regime (ditadura) ser derrubado
  • Mecanismos
  • Falhas
  • Soluções
De muito gorda a porca já não anda (cálice)

  • Poder "podre"
  • Corrupção
  • Tanta coisa errada que o governo fica na mesma
De muito usada a faca já não corta

  • Não combate nada
  • O que mantinha as coisas em ordem já não funciona mais
  • Inoperância
  • Nada corta o mal pela raiz
Como é difícil, Pai, abrir a porta (cálice)

  •  Se livrar do sistema
  • Saída do contexto violento
  • Entrada para um novo tempo
Essa palavra presa na garganta

  • Livre expressão
  • Querer falar, mas não poder com medo
Esse pileque homérico no mundo

  • Remete a Homero
  • Intensidade
  • Embriaguez
De que adianta ter boa vontade?

  • Cansaço
  • Não poder fazer nada
  • De que adianta querer e não poder fazer?
Mesmo calado o peito resta a cuca

  • "Posso não 'sentir' mas posso pensar"
  • Mesmo sem liberdade o homem não perde a mente
 Dos bêbados do centro da cidade

  • Loucura / estar fora de si
Talvez o mundo não seja pequeno (cale-se)

  •  Esperança
  • Dúvida
  • Talvez haja mudança
Nem a vida seja um fato consumado (cale-se)

  • Uma vida imposta
  • Rebaixamento da vida a um status de pequena importância
Quero inventar meu próprio pecado (cale-se) 

  • Autorreconhecimento
  • Valorização de si
  • Criar as próprias regras
Quero morrer do meu próprio veneno (cale-se)

  • Ser culpado pelo o que EU fiz
  • Ditadura
Quero perder de vez tua cabeça (cale-se)

  •  "Falando" com a ditadura
  • Perder a "prisão" ditadura
Minha cabeça perder teu juízo (cale-se)

  • Perder a ditadura
  • Julgamento
  • Liberdade
Quero cheirar fumaça de óleo diesel (cale-se)
Me embriagar até que alguém me esqueça (cale-se)
  •  Alucinação
  • Fingir para continuar atento 

Cálice - parte 2

A música começa com: 
Pai! Afasta de mim esse cálice 
 que, teoricamente, representaria:
  •  religiosidade (remetendo à bíblia : Aba, Pai, todas as coisas te são possíveis; afasta de mim este cálice; não seja, porém, o que eu quero, mas o que tu queres. 
    Marcos 14:36) 
  • agonia; sofrimento
  • censura (cálice - cale-se)
De vinho tinto de sangue

  •  sangue das vítimas, dos mártires, de quem sofre.
Como beber dessa bebida amarga

  • Como aceitar a situação, como passar por esse sofrimento 

Tragar a dor e engolir a labuta? 

  • Dor
  • Aceitar um trabalho desumano
  • Aguentar a imposição
  • Aguentar a dor sem falar nada
Mesmo calada a boca resta o peito

  • Mesmo com limitação ainda abriga no peito a vontade/ a voz que não quer falar
  • Censura
  • Peito = abrigo da poesia
  • Resta a vontade
Silêncio na cidade não se escuta

  • Querer falar mas não poder
  • Censura
  • Vontade
De que me vale ser filho da santa?

  • Ser bom
  • Sofrer sem ter feito nada
Melhor seria ser filho da outra

  • Revolucionário
  • Rebaixamento da  pátria
  • Melhor "correr atrás" do errado
Outra realidade menos morta

  •  Realidade que não age, não reage
  • Presos em uma condição
  • Realidade estática
Tanta mentira, tanta força bruta

  • Milagre econômico
  • Imposição 

Cálice

Hoje, em relação ao projeto, foi feita uma análise de uma música feita na época da ditadura chamada Cálice  feita por Chico Buarque.

Atualmente, exitem duas versões. A versão da cantora Pitty:


E a versão "original" de Chico Buarque:


Na próxima postagem, irá a análise feita pela sala.